O engenheiro civil e Chefe da Unidade de Coordenação do Túnel Água Negra, Andrés Zini, comandou a abertura do painel O Corredor Bioceânico Central e o Túnel de Paso Agua Negra. Zini iniciou sua palestra explicando a importância que o túnel tem para a integração entre os países. “O ponto central do Corredor Bioceânico é o túnel. Sem concluir isso, todo corredor não passa de um sonho, e os sonhos se vão”, explicou. O túnel, de cerca de 14km, interligará as regiões de San Juan, na Argentina, e Coquimbo, no Chile. “São previstas, por ano, passarem pelo túnel, uma média de 5 milhões de pessoas e 30 milhões em produtos. Será uma fonte de emprego, criação de indústrias e crescimento para a economia local”, disse.
Um acordo, que envolveu chilenos e argentinos, definiu que a região onde será construído o túnel é considerada área binacional. “Para a área, de cerca de 130km², existirão leis e regulamentações próprias, independentes dos países. Foi acordado, entre Chile e Argentina, que empresas, caso haja necessidade, busquem seus direitos em tribunais internacionais”, explicou Zini. A obra encontra-se no processo de pré-qualificação para licitação, isto é, neste período são analisadas as condições legais, financeiras e técnicas das empresas que desejam participar. O próximo passo é a realização da licitação propriamente dita, quando serão recebidas as propostas financeiras e técnicas das empresas previamente aprovadas. A análise das propostas pode durar até seis meses, já o tempo previsto para a execução total da obra pode variar de 8 até 10 anos.
Raúl Hermida, diretor da Bolsa de Comércio de Córdoba, na Argentina, falou sobre as áreas econômicas que compreendem o Corredor Bioceânico (CBC). “Por sua dotação de recursos naturais e sua inserção na economia global, o Corredor Bioceânico pode ser dividido em duas grandes áreas geográficas: Área Oeste e Área Leste”, explicou. A região oeste do CBC, que envolve o centro do Chile e a região de Novo Cuyo na Argentina, tem na mineração e no setor agrícola seus pontos fortes, entretanto, enfrentam dificuldades de logística devido a região da Cordilheira. A área leste do CBC, que abrange a região central da Argentina, oeste do Uruguai e o Rio Grande do Sul, tem as carnes e cereais como principais produtos para exportação. Esta região também enfrenta problemas de logística, seja pela deterioração das estradas ou pouco uso de hidrovias. “O Cone Sul é o principal fornecedor de produtos agroindustriais no mercado mundial. Precisamos desenvolver infraestruturas para reduzir custos e melhorar a qualidade de nossos produtos”, finalizou Hermida.
Pablo E. Pinto, diretor da Escola de Ciências Empresariais da Universidad Católica del Norte – Sede Coquimbo (Chile), destacou o projeto do governo da região de Coquimbo e os impactos econômicos que o Túnel Água Negra pode trazer. “O Túnel de Água Negra é uma grande oportunidade para conectar grandes centros de produção. A região de Coquimbo exporta em torno de 3 milhões de dólares por ano com alimentos e mineração. A parte pacífica da Ásia é a grande parceira comercial, 43% das exportações de 2016 tiveram este destino”, comentou. Para o palestrante, um dos grandes desafios é aumentar as relações comerciais entre os próprios países que envolvem o Corredor Bioceânico. “Grande parte das exportações tem a Ásia como destino, o corredor pode promover esse crescimento do mercado interno dos países sul americanos. Hoje, esse valor fica na média de 11% das exportações tanto no Chile, como Brasil e Argentina”, finalizou Pinto.
ANEXOS DAS PALESTRAS
X CIRIAS – Apresentação Andres Zini San Juan
X CIRIAS – Apresentacao Raul Hermida
X CIRIAS – Apresentacao Pablo Pinto UCN