O presidente do CCIBC e do CRIAS, o engenheiro Claudio Teitelbaum, abriu o dia de trabalho e destacou um dos projetos de maior importância para integrar algumas das regiões mais produtivas da América do Sul, o Túnel Paso de Água Negra, entre o Chile e a Argentina, na região de Coquimbo (Chile) e que integra o chamado Corredor Bioceânico Central (CBC). “Este projeto interligará por via rodoviária os Portos do Pacífico com o Porto de Rio Grande e contemplará o Norte do Chile, o Centro Norte da Argentina e o Brasil, ingressando pela ponte Libres-Uruguaiana, chegando a Porto Alegre via BR-290 e ao Porto de Rio Grande via BR-116”, afirmou.
Segundo Teitelbaum, tanto o Chile quanto a Argentina já estão com o processo de licitação para construção do Túnel, orçado em US$ 1.5 bilhão já com financiamento aprovado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “A travessia da Cordilheira é o grande gargalo nesta conexão bioceânica, visto que a infraestrutura rodoviária está disponível em todo o trajeto e serão necessárias apenas obras complementares”, destaca.
Segundo ele, o CRIAS, quando foi formado em 1996, sempre tratou o tema da integração com visão de “floresta”. “Não olhamos apenas para a árvore, mas observamos os elementos de cima para planejar ao longe e sem nunca deixar de atentar aos detalhes. Precisamos de um planejamento detalhado de ações e, principalmente, sabermos aonde queremos chegar”, acrescenta.
Conforme Teitelbaum, a integração sub-regional pretendida pelo eixo do Corredor Biocêanico Central torna-se fundamental e potencializa a abertura do mercado do Sul do Brasil à Ásia-Pacífico. Ele lamentou que o Brasil não possua a cultura do investimento em infraestrutura. “O país necessita hoje de um investimento de aproximadamente US$ 500 bilhões em infraestrutura. Mesmo nos períodos de crescimento econômico, o Brasil não aproveitou as oportunidades para investir em infraestrutura e reduzir o impacto dos custos logísticos no PIB, que hoje beira os 12%. Como resultado, não possuímos modal plenamente desenvolvido de modo a escoar a produção e nem mesmo movimentar a indústria do turismo. Na contramão da lógica, os investimentos têm priorizado o modal rodoviário e, prioritariamente, por meio de processos licitatórios por trechos, no qual o valor global do contrato ainda não possui nem mesmo as verbas garantidas e comprometidas com a devida segurança jurídica às empresas licitantes. Estes fatores, aliados à elevação da demanda, têm gerado aumento do preço do frete e falta de previsibilidade ao mercado”, salienta.
O Conselheiro Regional da região do Coquimbo, o chileno Alberto Gallardo, enfatizou a importância da união para a integração. “Estamos avançando muito nesse tema para a construção do Túnel Paso de Agua Negra, fundamental para a integração. É hora de trabalharmos fortemente para impulsionarmos o corredor Bioceânico, criando políticas fortes de estado. O corredor não só vai nos unir ao Pacífico, mas ao mundo, ampliando enormemente as oportunidades de mostrar nossos produtos”, sintetiza.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, Leandro de Lemos, representou o prefeito Nelson Marchezan. “Estamos imbuídos em construir um novo momento na cidade de Porto Alegre, por meio de um programa de desenvolvimento chamado Open POA, no qual já se conseguiu atrair investimentos privados, que nos próximos meses serão visíveis, como a revitalização da Orla do Guaíba, os projetos que envolvem a Fraport, o novo cais do porto e um conjunto de outros novos projetos. O X Congresso Internacional das Rotas de Integração da América do Sul é um marco para a cidade de Porto Alegre. Destaco nosso total apoio para que as ações se viabilizem porque será uma nova realidade para o Rio Grande do Sul, para o Brasil e para a toda a região envolvida”, disse.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado, Evandro Fontana, representou o governador do RS, José Ivo Sartori. “Esse é um encontro muito importante para os latino-americanos. Temos plena convicção de que o Corredor Bioceânico Central será uma nova fase de desenvolvimento econômico, cultural e turístico para o Conesul. Tem potencial para integrar oito regiões de três países, 21 portos, nove aeroportos e 21 milhões de pessoas”, afirma. Segundo ele, a construção do Túnel de Agua Negra é uma obra muito complexa e dependerá de um trabalho de longo prazo para entrar em operação. “O Corredor, que terá mais de 2.400 quilômetros, viabilizará um fluxo de exportações e importações importantes para as economias brasileiras, argentinas e chilenas”.