Saudando o Secretário Evandro Fontana, aqui representado o excelentíssimo governador do Estado do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori, saúdo as demais autoridades já nominadas.

Saudando o Conselheiro Regional de Coquimbo Alberto Gallardo, Conselheira Angela e conselheira Paola, saúdo aos amigos chilenos e de fora do Brasil que hoje nos prestigiam com sua presença.

E saudando o Embaixador José Botafogo Gonçalves, expresso minha especial gratidão a todos os painelistas e debatores que aceitaram nosso convite para que pudessem disseminar seu conhecimento aos aqui presentes.

Senhoras e senhores, bom dia.

Permitam-me todos aqui presentes que eu possa tecer um pequeno histórico. Pequeno em tamanho, porém fundamental para que nosso dia de hoje seja o mais proveitoso possível.

Para tanto, remontarei ao ano de 1996, quando o presidente do Chile, Eduardo Frei Ruiz – Tagle, em visita oficial ao Brasil, o vice-presidente da república do Brasil, Marco Maciel, e o Governador do Estado do Rio Grande Do Sul, Antonio Britto, firmaram como testemunhas o ato de constituição da Câmara de Comercio e Indústria Brasil-Chile e do Comitê Bioceânico, que originou o Comitê Das Rotas de Integração da América do Sul.

Em seus aproximados vinte e dois anos, a CCIBC e o CRIAS realizaram nove congressos internacionais, reuniões plenárias na CEPAL, em Santiago do Chile, e na ALADI. Têm apresentado projetos e trabalhos técnicos pela integração física, econômica, social, cultural e educacional no Brasil, Américas e em outros continentes.

Em 2015, procedeu-se marcante aproximação entre o CRIAS e CCIBC com a região de Coquimbo, focado no Corredor Bioceânico Central Coquimbo –  Porto Alegre, englobando o projeto, licitação e construção do túnel do Paso de Água Negra e as obras rodoviárias correspondentes.

Este projeto interligará, por via rodoviária, os Portos do Pacífico com o Porto de Rio Grande e contemplará o Norte do Chile, o Centro Norte da Argentina e o Brasil, ingressando pela ponte Libres-Uruguaiana, chegando a Porto Alegre via BR-290 e ao Porto de Rio Grande via BR-116.

Tanto o Chile quanto a Argentina já estão em andamento com o processo de Licitação para construção do Túnel, orçado em US$ 1.5 bilhão de dólares, já com financiamento aprovado pelo BID.

A travessia da cordilheira é grande gargalo nesta conexão bioceânica, visto que a infraestrutura rodoviária está disponível em todo o trajeto e serão necessárias apenas obras complementares.

O CRIAS, quando foi formado em 1996, sempre tratou o tema da integração com a visão de floresta. Ou seja: não olhar apenas a árvore, mas observar os elementos de cima para planejar ao longe. Entretanto, sem nunca deixar de atentar aos detalhes. Como disse Churchil certa vez “a sorte não existe. Aquilo a que chamas sorte é o cuidado com os pormenores”. Por isso precisamos de um planejamento detalhado de ações e, principalmente, sabermos aonde queremos chegar.

A integração sub-regional pretendida pelo eixo do Corredor Bioceânico Central torna-se fundamental. Ela potencializa a abertura do mercado do Sul do Brasil à Ásia-Pacífico.

Em 2016, o total exportado pela região do Corredor Bioceânico Central foi US$ 43 bilhões, sendo 43% com destino à Ásia Pacífico. Em âmbito de Rio Grande do Sul, a China é responsável por aproximadamente 57% de suas exportações, correspondendo a US$ 4,32 bilhões.

Entretanto, lamentamos que o Brasil não possui a cultura do investimento em infraestrutura.

Mesmo nos períodos de crescimento econômico, não soube aproveitar as oportunidades para investir em infraestrutura e reduzir o impacto dos custos logísticos no PIB, que hoje beira os 12%.

Como resultado, não possuímos sequer um modal plenamente desenvolvido de modo a escoar a produção e nem mesmo movimentar a indústria do turismo. Na contramão da lógica, os investimentos brasileiros tem priorizado o modal rodoviário; e prioritariamente através de processos licitatórios por trechos, onde o valor global do contrato ainda não possui nem mesmo as verbas garantidas e comprometidas com a devida segurança jurídica às empresas licitantes. Estes fatores, aliados à elevação da demanda, tem gerado aumento do preço do frete e falta de previsibilidade ao mercado.

O Brasil necessita hoje de um investimento de aproximadamente US$ 500 bilhões em infraestrutura. De modo que o investimento neste quesito atinja 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB), serão necessários US$ 110 bilhões ao ano. Uma vez que o governo não possui capacidade financeira para investir nestes níveis, esse hiato torna-se um problema que é agravado ano a ano.

O CRIAS entende que a formatação de Parcerias Público Privadas e o desenvolvimento de projetos estruturados, bem regulados e ágeis de Concessões para a modernização dos modais de transporte brasileiros, são fundamentais.

Além de promover a infraestrutura, aumentar a competitividade das empresas e a produtividade logística do país, Concessões e Parcerias Públicos Privadas geram consequências bastante positivas para a nação: recursos que seriam aplicados neste tema ficam disponíveis para serem investidos em saúde e educação, por exemplo.

Neste X Congresso Internacional das Rotas de Integração da América do Sul, o principal desafio será o de construir o apoio político e institucional necessário para a viabilização corredor Coquimbo – Porto Alegre – Porto de Rio Grande.

Assim, reforçamos aqui a necessidade de construirmos uma solução para a duplicação da BR-290 e da BR-116. Um documento elaborado a várias mãos, por especialistas aqui presentes, será formalmente entregue ao Ministério dos Transportes e DNIT, aos pré-candidatos à Presidência da República, assim como aos representantes da bancada gaúcha do Senado e do Congresso Nacional.

Precisamos que nosso estado una as forças para que, em conjunto, consigamos viabilizar a duplicação destas duas importantes rotas de escoamento de nossa produção.

Estes fortes elos que o CRIAS solidificou entre representações governamentais, setor privado, entidades de fomento, academia e organismos internacionais e que se materializa com este fantástico nível de representatividade neste X Congresso são consequência de um árduo trabalho liderado por um empresário abnegado que sempre trabalhou em prol da sociedade e que sempre se cercou de voluntários também competentes e comprometidos.

Por isto, antes de finalizar, um pedido especial. Existe uma pessoa que não está fisicamente presente neste auditório, mas que com certeza nos acompanha. O Engenheiro Joal Teitelbaum, meu pai, estaria completando 82 anos de vida daqui a dois dias. Como poucos, trabalhou intensamente para que as Rotas de Integração fossem uma realidade. Hoje, estaremos dando mais um passo no rumo da melhoria da qualidade de vida e da competitividade sul-americana. Assim, desejando que tenhamos um excelente dia de trabalho, peço um caloroso aplauso em reconhecimento e memória ao Presidente Emérito do Comitê das Rotas de Integração da América do Sul, Engenheiro Joal Teitelbaum.

Ainda, antes de finalizar, um agradecimento muito especial ao vice-presidente da CCIBC e do CRIAS, Gunther Staub. Gunther, além de grande e fiel amigo és um incansável batalhador e competente parceiro de jornada. Da mesma forma, agradecer ao Consul Geral da República do Chile, Senhor Mario Arriagada, à equipe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, liderada pela Diretora Sandra Schafer, juntamente com o Leonardo Neves e Greize Pohlmann, e à nossa colaboradora Luziara Lourenço, que de forma brilhante nos auxiliaram a estruturar este Congresso que já é um sucesso.

Muito obrigado!