02.12.10

Poder, transição e difusão

Jornal do Comércio – Porto Alegre, 2 de dezembro de 2010

Recentemente, o Comitê da Rotas de Integração da América do Sul, CRIAS, entidade estruturada em 1996, foi convidado a ser painelista no V Fórum Global dos Países Emergentes, realizado em Warrenton, próximo a Washington, D.C. O tema determinado era “Oportunidades para Aproximar as Relações Econômicas entre América Latina e a Ásia” sobre o enfoque da melhoria da infraestrutura física.

Mais de uma centena de personalidades renomadas desde governantes de países, organizações internacionais como Cepal, OIT, Banco Mundial, BID, CAF, FMI, de instituições das três Américas, Ásia, Europa, África, Oceania e de organismos privados  durante três dias analisaram o cenário atual e procuraram construir uma visão de futuro. Um dos principais pontos de situação foi a bipolaridade China e Estados Unidos. Consolidou-se para nós um posicionamento em que, se considerarmos aspectos pluridimensionais, o poder global da China, se passar o dos Estados Unidos, não será na velocidade em que é divulgado e da mesma forma que a crise nos países desenvolvidos não será superada tão breve. Essa transição de poderes e sua difusão não se propagam de forma linear e os fatores tangíveis e intangíveis não são tão simples quanto possam aparentar. Focando no que concerne à América Latina e ao Caribe, há circunstâncias que a curto prazo são preocupantes e devem ser enfrentadas pela região.

Somos altamente carentes em logística pela deficiente infraestrutura e a nossa competitividade é afetada, da mesma forma que o preparo tecnológico se encontra defasado contrastando com o que é uma das forças motoras dos países da Ásia e mais recentemente da China e Índia. As exportações da região estão concentradas em produtos de baixo valor agregado e importação de industrializados e as ações em pesquisa e desenvolvimento não alcançam níveis que tragam confiabilidade na conquista da sustentabilidade.

A tendência mostra dificuldades que muitos setores industriais da América Latina e do Brasil estão enfrentando e que , no curto prazo, poderá transformar a região, por exemplo, “em fornecedor de minérios e grãos e sucateamento de sua industria nacional”. Isto não transforma o País em uma Nação. É paradigmático que a América do Sul desperte para crescer, por suas ações, com sustentabilidade e inovação.