REGIÃO DE COQUIMBO COMO PONTE ENTRE ÁSIA PACÍFICO E O CORREDOR BIOCEANICO CENTRAL COQUIMBO – PORTO ALEGRE
Um dos projetos de maior importância para efetivamente integrar algumas das regiões mais produtivas da América do Sul é aquele que se refere ao Túnel do Paso de Água Negra, entre o Chile e a Argentina, na região de Coquimbo (Chile) e que integra o chamado Corredor Bioceânico Central (CBC).
Este projeto, já debatido pelo CRIAS nos seus Congressos Internacionais em 2007, 2009 e 2013 e motivo de inúmeras reuniões de trabalho tri-nacionais entre os anos 2015 e 2018, interligará por via rodoviária os Portos do Pacífico com o Porto de Rio Grande e contemplará o Norte do Chile, o Centro Norte da Argentina e o Brasil, ingressando pela ponte Libres-Uruguaiana, chegando a Porto Alegre via BR-290 e ao Porto de Rio Grande via BR-116.
O traçado permitirá a construção de variantes que contemplarão também o Paraguai, a Bolívia, o Peru e o Uruguai, podendo também alcançar o Equador.
Possuindo uma extensão de 2.472 km e com um traçado que já existe, apresenta um gargalo de monta na travessia dos Andes (que impossibilita o livre transito na Cordilheira em cerca de 40 dias/ano, além de problemas colaterais) e carências em trechos rodoviários, como no caso da BR-290, que necessitará ser duplicada em toda a extensão da capital do Estado, Porto Alegre, até a cidade de Uruguaiana, na fronteira com a Argentina.
Estes temas foram discutidos em 2015 em seis oportunidades no âmbito do setor público e do setor privado no Rio Grande do Sul, com abrangência ao Poder Executivo (Governador, Vice-Governador e as Secretarias de Estado envolvidas, na Assembléia Legislativa em duas ocasiões, uma em audiência pública promovida pele Comissão do Mercosul, com a Federação das Indústrias, FIERGS, e a Universidade, sempre com ampla participação da Câmara de Comercio e Indústria Brasil-Chile, CCIBC-RS, e do Comitê das Rotas de Interação da América do Sul, CRIAS.
Pode-se afirmar que decorrente das reuniões no Poder Executivo houve desdobramento de ações de autoridades estaduais com autoridades federais para a inclusão da duplicação BR-290 no planejamento federal, o que efetivamente ainda não se materializou na velocidade e tempo necessários.
Mesmo com todas estas carências, 50% de todas as exportações do Rio Grande do Sul ao Chile e 63% das importações ocorrem via Terrestre, passando pelo Porto Seco de Uruguaiana.
Em conformidade com informações de autoridades chilenas (Intendência de Coquimbo), os Congressos do Chile e da Argentina já aprovaram o projeto de construção do Túnel de Água Negra, o Banco Interamericano de Desenvolvimento já formalizou o financiamento na monta de US$ 1.5 bi, fornecendo a garantia de execução das obras, bem como os aspectos relacionados com a governança e gestão multinacional.
Sabe-se que este Corredor não será o único em futuro próximo, na América do Sul, a interligar os dois Oceanos. Mas tem tudo para ser o primeiro. Os resultados econômico, cultural e social para Argentina, Brasil e Chile e para a América do Sul em seu todo é evidente e salta aos olhos com a simples visualização do Mapa da Região.
O CBC colocará a sub-região em contato direto com os países da região Ásia- Pacífico e será o elo mais forte da corrente de integração sul americana com outras regiões e sub-regiões, usufruindo da multilateralidade e dos acordos internacionais já vigentes e em estruturação.
Este corredor colocará de forma inovadora e definitiva a América do Sul no cenário da integração global ao conectar em ligação de primeira classe, por superfície, os Oceanos Atlântico e Pacífico, sem os obstáculos naturais que, há décadas, para não dizer séculos, impedem o pleno desenvolvimento harmônico nos segmentos econômico, cultural e social pela ausência de uma infraestrutura física e organizacional adequada.
Os reflexos econômicos serão internos e externos proporcionando a implantação de um antigo projeto do CRIAS do ano de 2001, o dos Pólos de Desenvolvimento ao longo do CBC, que se refletirão além-fronteiras dos três países, tanto na América do Sul como internacionalmente.
Sob a ótica cultural e social as perspectivas são encorajadoras a luz dos estudos já realizados.
Este Corredor deve ser visto como pré-requisito à melhoria continua da qualidade de vida na sub-região, proporcionando as condições para que isto ocorra. A tendência é que a mesma experimente inovações em serviços, produtos e processos.
Assim acreditamos que juntamente com a infraestrutura física terá que ser implementado um masterplan para o desenvolvimento harmônico, onde o crescimento econômico seja um dos pratos da balança e outro o desenvolvimento social.
Acreditamos que os três países, Chile, Brasil e Argentina deverão agir juntando as responsabilidades e não simplesmente estabelecendo atribuições. A gestão e a governança do CBC é, nas últimas décadas, a maior responsabilidade dos três países.
O Corredor Bioceânico Central Coquimbo – Porto Alegre, interligando o Oceano Pacífico e o Oceano Atlântico com o acesso ao Porto de Rio Grande no Oceano Atlântico, irá se constituir em um Plano Piloto de ação conjunta dos três países e que servirá de benchmark para outras iniciativas.
A energia que for aplicada para o sucesso desta iniciativa tripartite produzirá uma alavancagem positiva no processo de integração sub-regional, inserindo-a, de forma definitiva, em um programa global de desenvolvimento econômico, cultural e social.
Estamos, todos e de uma forma conjunta, convergente e congruente e ampla visão do porvir, ajudando a construir o futuro.
CLAUDIO TEITELBAUM
PRESIDENTE DA CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA BRASIL-CHILE E DO COMITÊ DAS ROTAS DE INTEGRAÇÃO DA AMÉRICA DO SUL